Contexto e Inspiração
A razão principal da minha visita a Vitória foi o falecimento do meu pai, professor de educação física concursado em vários bairros da Serra, sendo coordenador de uma delas. Com meu pai aprendi a dar valor e celebrar o desenvolvimento mental, corporal e cívico de crianças e jovens de maneira lúdica e prazerosa. Em sua homenagem, e como reflexo de quase uma década de trabalho e pesquisa em educação e tecnologia, decidi propor que a residência girasse ao redor de brincadeiras.
Apesar da minha experiência ser em educação e tecnologia, muitas vezes eu acho que a tecnologia ganha destaque excessivo e é vista como essência das soluções (tecnocentrismo). Em livros referenciais como Mindstorm e Lifelong Kindergarten, apesar do discurso sobre criatividade, expressão, agência e auto imagem serem inspiradoras, estão sempre atrelados ao uso do computador e ferramentas digitais.
Minha intenção é pensar em um construcionismo que seja não só possível sem o computador mas que seja resiliente e responsável com os seus resíduos. De certa forma mais próximo de temas abordados por Jay Silver em sua tese de doutorado, onde ele propõe que o mundo já é um kit de construção.
Mais que um objeto para ser visto como solução, propus pensar em uma brincadeira para se pensar soluções: Um catalisador na mudança da forma como se vê os mundos (natural, sintético e residual) antes vistos como escassos e descartáveis como ricos e construtivos.